quinta-feira, 25 de maio de 2017

Resumo de 1 ano de infertilidade

Já passou 1 ano desde a primeira consulta de infertilidade propriamente dita. Verdadeiramente foi no início de 2016 que começou a nossa luta por um filho saudável. Mas a primeira consulta de ginecologia especificamente foi no início de maio e a primeira pica da primeira estimulação foi dia 15 de junho (1 dia depois do 2º aniversário de casamento). Desde aí até então já passamos por tanto... 

Há 1 ano atrás, do ponto de vista da infertilidade, era um caso simples de resolver. Era só arranjar um embrião viável no DGPI e o resto estava feito. Afinal nenhum de nós tinha problema reprodutivos. Aliás  os exames hormonais e anti-mullerianos previam uma estimulação fácil, tudo maravilha portanto. Hoje já passamos por dois tratamentos com DGPI, o nosso plano inicial, uma primeira estimulação que começou mal, mas chegamos ao fim com 4 embriões autopsiados mas todos mutados. Uma estimulação sem transferência e um grande choque emocional. O primeiro...Um grande azar. Obviamente tínhamos que seguir o plano novamente. A 2ª estimulação correu bem melhor, um resultado bastante melhor embora com doses muito grandes de hormonas, onde foram biopsados 6 embriões e 2 não tinham mutação e foram transferidos. Até aqui tudo bem... o pior foi ter menstruado ao 7º dia após a transferência. Entre as duas estimulações ainda apareceu um quisto folicular no ovário esquerdo que me enervou à brava e me fez esperar 3 meses para fazer um novo tratamento. Depois de 2 tratamentos falhados, o tempo a passar, claramente com estimulações difíceis, resolvemos mudar de estratégia. Otimizar o processo e recorrer a ovodoação. A verdade é que a idade vai avançando, eu tenho claramente o tempo contra mim, não posso andar nisto até muito mais tempo por uma questão de saúde. E a verdade é que, aparentemente temos a questão dos embriões resolvidos. Temos 6 bons embriões à espera que estejam reunidas as condições ideias para se implantarem. Já fizemos uma TEC com esses embriões onde menstruei precisamente ao 7ºdia como na 1º transferência... e agora já não pudemos culpar o acaso. Temos sim, que perceber o problema e tentar resolver. Tem dias que penso que não terá solução... secalhar é porque não tem que ser. Já começam a ser demasiados obstáculos... mas no meu íntimo ainda não desisti de dar um filho ao meu marido. Marido esse que me diz que se não tiver filhos certamente não será o fim do mundo... Já eu, quando me disserem que acabou a esperança, não sei se não será o "meu fim do mundo".

Tudo isto para refletir que o último ano não foi fácil. Foram algumas viagens que deixaram de ser feitas por dar sempre prioridade aos tratamentos. O trabalho passou a ser a menor das minhas preocupações. Afastei-me de muitos amigos pois não consigo conviver com grávidas, bebés e vidas perfeitas (shame on me), acho que envelheci 10 anos... há 1 ano atrás via ao espelho uma menina, hoje vejo uma mulher com muita tristeza. Neste último ano perdi muita coisa... mas a mais importante e castradora foi a capacidade de sonhar. E essa só a recuperarei se conseguir dar um filho ao meu marido. Até lá... limito-me a viver um dia depois do outro, e neste momento move-me a necessidade de perceber o porquê de não resultar comigo, o que é aparentemente fácil com outras mulheres. 

1 comentário:

  1. Minha Querida
    Puseste-me com as lágrimas a cair....
    Gostava de te dizer que tudo se vai resolver e que tens de ter fé, mas nós sabemos perfeitamente que nada disso nos ajuda a suportar a dor.
    Não tens que ter vergonha por não conseguir conviver com grávidas.
    Eu também sinto o mesmo. No meu grupo restrito de Amigos eu sou a única alma penada que não tem filhos. Em cada jantar de Natal, em cada "ajuntamento" eu sinto-me um verdadeiro ALF. E digo EU, porque o meu marido também já tem filhos.
    Não somos más por isso, não temos de ter vergonha por isso. Somos mulheres em (muito) sofrimento.
    Adorava ter uma solução milagrosa para te aliviar esse sofrimento. Mas não tenho.
    A única coisa que te "peço" é para tentares não te deixar apoderar pela raiva e pala angústia.
    É muitoooo dificil conseguir isso, mas tenta...Eu não consegui...e entramos num "buraco" que depois se torna dificil de sair.
    Beijinho Grande!

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