quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

As minhas opções

Como já referi tenho uma mutação num gene e existe 50% de possibilidade de ter um filho com a mesma mutação. Assim sendo, as minhas opções relativamente à maternidade são as seguintes: 

1. Engravidar naturalmente e esperar que a criança não tenha a mutação.
Basicamente fazer de conta que o problema não existe. Esta nunca foi uma opção para mim. Se quando eu nasci a minha família não sabia da mutação, eu agora sei. Não poderia viver com o facto de fazer um filho viver na indecisão. Ou então fazê-lo viver o que eu vivi quando fiz o teste genético. Simplesmente isso não é opção. 

2. Engravidar naturalmente (e aqui não sei se seria fácil ou difícil pois nunca tentei uma gravidez espontânea) e depois realizar amniocentese, que nos diria se o bebé tinha a mutação, e aí decidir o que fazer. Se houvesse mutação abortar.
Isto era possível mas eu não teria coragem de fazer um aborto. Ou então teria, mas depois não conseguia viver com isso. Acho eu... 

3. Recorrer a técnicas de PMA e realizar dgpi.  
Esta foi a minha opção até agora. Continuo a achar que é a melhor. 

4. Recorrer a técnicas de PMA com recurso a ovodoação.
Esta é a menos convencional. Mas será a minha próxima opção.

5. Simplesmente não ter filhos.
Pode muito bem vir a acontecer. Mas não será "simplesmente".


Como podem ver, além de estar em luta para não passar uma mutação a um filho, eu também terei de lidar com essa mutação. Mais ano menos ano ela roubar-me-à saúde. Muito provavelmente irei morrer a lutar contra essa doença e a minha esperança média de vida é menor. Sobre este assunto, mais nada falarei. Porque me custa, porque não estou preparada para falar sobre isso, e também porque este blogue é sobre a infertilidade.

Depois de dois tratamentos com dgpi falhados, está na altura de tentar outra coisa. Se obtivesse uma resposta à estimulação fantástica, tentaria mais uma vez. Mas isso não acontece. Tenho hiposensibilidade ao FSH, ovários pequenos e com tendência para ganhar quistos, e pode haver mais condicionantes que nem sequer sei. Jamais esquecerei que no primeiro tratamento não houve nenhum embrião saudável para transferir. Nada me garante não voltará a acontecer. Optar pela ovodoação, é uma opção racional. Aumenta as nossas chances de uma gravidez.  Primeiro porque existirão mais embriões para transferir (assim o espero) e depois porque os embriões que existirem serão de melhor qualidade. Não posso querer que um embrião onde são retiradas algumas células ao 3º dia seja tão "bom" como aqueles que não fazem biopsia embrionária. Se é possível engravidar com dgpi? Certamente que sim. Por esse motivo é que é uma técnica que existe. E é uma técnica fantástica. No meu caso, talvez alguma vez fosse funcionar, talvez não. Simplesmente não me posso dar ao luxo de adiar muito mais o desfecho da minha história.

9 comentários:

  1. Querida mylittlefairytale lamento que tenhas essa maldita mutação.A ciência tem evoluído a olhos vistos, quem sabe não se consegue evoluir no tratamento e no aumento da qualidade de vida dessa mutação.
    Como dizes o blog é sobre infertilidade e não te vou maçar com isto. Quero que sejas muito feliz! E a ovodoção virá para completar essa felicidade. Claro que nunca se sabe como está verdadeiramente a nossa capacidadr de engravidar e levar uma gravidez a termo até o conquistar-mos, mas pelo menos os exames medicos indicam estar tudo bem. Desejo mesmo que o telefone toque bem rápido da IVI se essa é a vossa decisão. Uma pergunta, que secalhar é parva. São feitos testes geneticos às doaforas para excluírem esta e outras mutações genéticas? Eu por ex não sei se tenho alguma alteração, nunca me mandaram fazer esse tipo de exames.
    Um grande beijinho guerreira!!!

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    1. Não é nada parva... devem fazer aqueles mais gerais. O cariotipo... nada de muito específico. As mutações nos genes são coisas familiares. Só se faz os mais específicos quando se anda em busca de algo em concreto e normalmente esses já estão na história familiar... só se procura quando há suspeita. A maioria das pessoas não têm fazer esses testes genéticos... não são coisas frequentes. Não sei se me fiz entender...

      Beijinho

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  2. Olá mylittlefairytale 😊 Eu sou portadora de uma pré mutação genética liga ao cromossoma x um dos senão desta condição genética é a menopausa precoce. Por isso neste momento é uma corrida contra o tempo. Nunca ponderas te ir para um hospital público? Eu além d estar na clínica do AB também estou em lista de espera no S. João. Beijinho e muita sorte 🍀

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    1. Nunca ponderei por uma questão de tempo... sabemos que a lista de espera é grande. Penso que o laboratório do São João é o melhor para dgpi, mas se podemos recorrer a ele estando numa clinica tanto melho :-)

      Se podia ter começado a pensar em filhos mais cedo? Secalhar podia mas as coisas acontecem na vida quando têm que acontecer... não estávamos preparados para lidar com isto antes... o clichê de "aproveitar a vida". Não me arrependo. Até aos 30 não vivi a pensar em infertilidade e mutações e fui muito feliz.

      vamos lá ver se vamos ter sorte para a próxima :-)

      Beijinho
      Torço muito para que corra bem o teu tratamento! Estás em boas mãos na AB :-)

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  3. espero que a tua historia tenha um desfecho feliz muito rapido :)

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  4. Minha querida entendo te penso que o mais acertado seja mesmo a ovodoacao. Serão na mesma os vossos bebês e tem muitas mais hipóteses de t3rem um bebé e saudavel se deus quiser.
    Quanto à última hipótese e porque não adoção ? Isto quero dizer que mereces e tens imenso amor para dar. No caso de tudo falhar podia ser mais uma hopot3se.

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    1. Acho maravilhoso adotar... mas tal como para a ovodoação, temos que estar 100% em paz com a nossa decisão. Neste momento cá em casa ainda não estamos preparados para essa decisão... se o tratamento com ovodoação não funcionar teremos que reavaliar as nossas opções, mas para já ainda tenho esperança de ter um filho biológico do meu marido.

      Beijinho querida mamã da pipoca

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  5. Sabes que me deparo com uma realidade semelhante... Não sei que tipo de mutação tens mas eu tenho endometriose, adenomiose e ovários policísticos, estou a tentar engravidar (neste momento inseminação intra-uterina, se não correr bem depois FIV).
    Deparo-me na dúvida se quererei potencialmente transmitir esta condição a uma filha e dou por mim a desejar um menino, com saúde mas de preferência um menino...
    Adopção está sem dúvida nos meus planos... Ando a tentar convencer o meu marido a colocarmo-nos já numa lista porque eu acho que conseguindo um biológico não quero voltar a passar por isto tudo de novo!

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